Acabei de falar com a minha mãe. Ela contou-me a festa e os presentes que vão haver amanhã, no último dia de trabalho do meu pai. Trabalhou naquela empresa 33 anos, é a minha idade. Ele veio de S. Pedro do Sul em Agosto de 1978, amanhã termina este ciclo. Ontem passei lá em casa, jantámos e quando o meu pai me trouxe ao carro, como faz sempre, ficámos a falar. O meu papa esteve de férias mais de uma semana, para gozar as férias que ainda tinha. Fez imensa praia, correu. Ele está com um óptimo ar, muito moreno e bem disposto. Mas sei que há nervos, ontem havia. Amanhã com toda a certeza também vai haver. Ele a explicar-me que na próxima semana vai limpar o sotão, trazer caixas e mandar os nossos livros para cima, para desocupar a casa. Isto até ao final do ano, que os dias de Inverno são rigorosos, depois quer ir passar dias seguidos lá em cima. A minha mãe vai continuar a trabalhar. No meio de muita rizada, senti a sua ansiedade. Hoje ao telefone com a minha mãe fiquei com o coração apertadinho, não consigo imaginar o que o meu pai possa estar a sentir. Sempre trabalhou, muito. Desde muito novo. Foi uma vida carregada de trabalho, dias seguidos sem ir a casa. Ali naquela empresa foram 33 anos. A vida dos meus pais foi de imensa dedicação, uma dedicação para com o trabalho, para com a familia, bafejados pela a saúde, pela a sorte que nos acompanhou sempre.
Sinto um prazer enorme, digo-lhe continuamente, de ver o meu pai reformar-se com 63 anos cheio de saúde, sem limitações.
