quinta-feira, março 24, 2011

''Agora faz- se ctrl+alt+del porque o país crashou'', foi um dos comentários que ouvi hoje. Há muito tempo que se previa esta demissão, a surpresa de ontem seria se Sócrates não apresentasse a sua demissão, após o chumbo da assembleia, que também estava certo. Se não fosse agora seria no próximo orçamento de estado, Bagão Felix comentou que entre uma situação ou outra, esta é a altura menos mal. Eu sou daquelas pessoas que acredita que está na altura do governo sair. Vamos permanecer num contexto de crise durante muito tempo, todos os portugueses têm consciência disso, independentemente do governo. O que não temos, e há muito, é um líder. Quando eu defendo a necessidade de uma mudança é neste aspecto. Estamos avidos de uma governação que não seja fracturante.

O sentimento de impunidade, de que não exite equidade na justiça em Portugal é um dos factores mais gritantes e sedentos de ser alterado. O sistema de ensino, a saúde têm estado na mira da mudança, mas é o nosso sistema judicial que necessita de ser avaliado. As responsabilidades sobre as falhas no momento de votação nas últimas eleições, Freeport, BPN, Armando Vara, Manuel Godinho, Isaltino são casos que nos cansam e deixam-nos revoltados por perceber que existem jogos de bastidores deste calibre. Foi notícia o valor da dívida que a (ainda) vereadora Fátima Felgueiras deve à sua Câmara - 177 euros, a maioria dos crimes prescreveram. O ministro da defesa alemão demitiu-se, após acusações de plágio na tese de doutoramento. Podia não ter implicações no seu trabalho enquanto ministro, mas é um comportamento que revela falta de moralidade. Em Portugal, o desfecho seria o esquecimento.

Temos muita necessidade de ter alguém à frente do governo que nos transmita confiança. Os constantes PEC, a falta de certeza nas contas que são apresentadas geraram um clima de desconfiança. Vamos ter 55 dias de campanha, está em aprovação a alteração da lei que pode encurtar este intervalo, mas se nada for alterado, lá para o início de Junho vamos votar. Espero que as pessoas façam uso do seu direito, em força. Eu dou o benefício da dúvida. Estamos de olhos postos no Passos Coelho, há quem o apoie porque acredita no PSD, porque não temos mais alternativas, há quem seja peremptório em dizer não, acusam a sua falta de experiência, de curriculum. Eu dou o benefício da dúvida a qualquer um dos candidatos. Pedimos uma campanha com ideias de governação, que na hora de decidirmos sejamos capazes de votar porque nos identificamos com as politicas propostas. Não há espaço para demagogias. Ontem li a proposta do PEC IV, estou certa que muitas destas medidas vão ser tomadas. Exige-se uma campanha realista e espera-se que os milhares de pessoas, que têm vindo à rua manifestarem-se, sejam responsáveis para irem votar no dia. Não sou pessimista, acredito profundamente que Portugal vai levantar-se, somos um povo capaz, trabalhador, inventivo. Mas tem de existir uma liderança forte e honesta.