quinta-feira, novembro 11, 2010

Há pessoas que são O2, a Sofia é um exemplo. Na terça-feira escrevi um email à Sofia. Não gosto de estar muito tempo sem saber deles. Se por um lado é a necessidade de saber que está tudo bem, por outro é a necessidade de oxigénio. A vontade que a Sofia tem de lutar pela vida, por ser uma cidadã do mundo é contagiante. Já falei imensas vezes aqui dela, dela e do Pedro. Actualmente estão a viver em Londres.

No longo email que a Sofia escreveu (acho que já escrevi demais, são efeitos desta nova vida alucinante):

 Eu também tenho que começar a pensar na minha (dissertação) mas por enquanto não tenho nem ideia... A semana passada tive uma apresentação, na segunda tive exame, hoje tive outra apresentação e na segunda tenho um trabalho para entregar que nem comecei.

O voluntariado é uma excelente ideia! Muda-te a vida e voltas a olhar para tudo com mais humildade. Vim com uma perspectiva diferente do nosso estilo de vida; pode até dizer-se revoltada com tantos gastos supérfluos que fazemos enquanto outros vivem na corda bamba sem saber se amanhã voltam a comer, se os filhos terão oportunidade de ir a escola, se terão ajuda para vestir os filhos e isto sem falar nas certezas que têm, não ter água canalizada, electricidade ou a chance de ver o mundo para além da pequena comunidade em que sobrevivem.

Por aqui os custos de vida são para lá de caros, os ordenados são vergonhosos, as condições de trabalho precárias - lá esta o sistema laissez-faire a funcionar. Adorava fazer voluntariado com os detidos que aguardam asilo. Estou voluntária da READ, recolhe livros para enviar para Africa, mas não exige quase tempo nenhum. Este fim-de-semana fui a uma conferência "Human Rights Denied: Indefinite Immigration Detention - Is There No End In Sight?", que deixou-me completamente revoltada e com vontade de fazer algo. Não sei se estas a par da situação no Reino Unido, mas para teres uma ideia: (….). Ouvir estes casos foi revoltante, ouvi-los mais tarde na primeira pessoa foi arrepiante.

Já comecei as aulas no início de Outubro e digo-te que é brutal. O nível é bastante elevado tanto do que esperam como o dos colegas. Os professores são excelentes. Um deles trabalha para as Nações Unidas, à segunda-feira costuma chegar à aula directo de Geneva. Outro foi conselheiro do John Major, apesar de ser convictamente de direita. Apoia-nos imenso.

Quase todas as noites vou a public lectures e debates (grátis) com grandes personalidades, às vezes tenho problemas em escolher porque há tanta coisa boa ao mesmo tempo. O grande evento desta semana foi na segunda-feira com o ministro das finanças da Grécia. Quanto as aulas, são um sonho. São grupos pequenos e são baseadas em discussão, não tenho aulas propriamente ditas (uma hora por semana), o resto são seminários. Já a lista de leituras essenciais para cada semana é astronómica!

A universidade é espectacular, ficas zonza de tanta informação, oportunidades e coisas a acontecer aqui. Estamos sempre a ser bombardeados com ofertas de emprego. A velocidade da vida aqui é alucinante. No início acabei por perder o propósito de vir para aqui (fazer o msc) com tantas oportunidades de voluntariado, estágios, preparações para entrevistas e mais para isto e para aquilo; sentes que estás a perder o comboio.

Espero que nos venhas visitar a Londres.