No passado dia 25, a Católica organizou um seminário com a Maria da Conceição a falar sobre o inicio do projecto.
A primeira ajuda começou com recolha de alimentos junto da família e de amigos. Pediu aos colegas da companhia aerea que recolhessem nos hoteis, os shampoos, gel de banho que não usassem durante as estadias. Esteve no começar... porque nunca mais parou. O primeiro armazem foi na casa dela. Actualmente um hotel do Bangladesh disponibilizou-lhe um espaço que funciona como armazém.
Há 3 anos atrás quando a RTP fez uma reportagem sobre a Maria da Conceição e o projecto, ela referiu que o maior entrave que encontrava era a mentalidade de um povo que pouco tem, pouco conhece e que não consegue perceber a importância de colocar as crianças na escola, de existirem cuidados de higiene. Na altura fiquei chocada pela forma como ela negociava com os pais a ida dos filhos à escola; à troca pagava a renda, garantia alimentação da familia.
Hoje ela considera que já aconteceu uma mudança, porque o projecto está mais divulgado, porque reconhecem o trabalho dela. Referiu que por vezes os pais lamentam que o projecto Dakha não seja maior ou esteja mais perto das suas comunidades. Dificilmente conseguimos perceber esta resistência. Pediu que não julgassemos, que tentassemos compreender aquela realidade, será a unica explicação.
A Maria da Conceição é hospedeira porque achou que seria o emprego que mais facilmente proporcionaria viajar durante um ano. Em tom de brincadeira disse quantos uns anos passaram.
Em cinco anos, o Dhaka Project adquiriu dimensão fazendo hoje a diferença, não apenas na vida de muitas centenas de crianças, mas em toda a comunidade. Actualmente são 600 crianças que recebem apoio escolar, cuidados de saúde, alimentação.
Não esqueço a forma que ela abriu a conferência a pedir que nunca deixassemos de fazer nada porque alguém nos disse que não somos capazes, durante a conferência isto foi se repetindo.
Pediu às pessoas presentes que acreditassem no projecto e se juntassem a ela, para fazer trabalho de campo durante 2/ 3 meses. Pediu que divulgassem o projecto Dhaka, que arranjassem sponsors. A simplicidade com que ela se apresentou foi tocante.
Em 2009, a Maria Conceição foi distinguida com o prémio de Mulher do Ano nos Emirados Árabes Unidos. Em 2007 tinha já recebido o prémio European Union Woman’s Inventors and Innovators Network. A Maria continua a ser hospedeira a tempo inteiro.
