domingo, agosto 03, 2008

02/08-2008




Os anos têm passado, nós estamos diferentes mas nada nos afasta. Os laços que nos unem estão vincados pela cumplicidade que temos desde pequenos.

Hoje durante o jantar estivemos a recordar muita coisa. Lembro-me de tanta coisa. Umas coisas puxam outras. Eu admiro-te desde que me lembro como pessoa. Tu marcas quem está ao teu lado. Quem trabalha contigo, quem te acompanha.

Falaste das descidas da Serra de Sintra, das quedas de bicicleta que os pais nunca souberam. Falaste do teu primeiro emprego que rendeu-te os valentes 10 contos, gastos no dia a seguir na compra do walkman Sony. Não falámos do que interessa não contar, para bem da saúde da nossa D. Licinia. Não falámos do teu sentido de responsabilidade que tiveste comigo desde sempre.

Quando decidiste pedir à mãe para não ficarmos na casa da Lela à espera que nos fossem buscar, nos dias que a mãe fazia serão e o pai não estava. A Lela dava-nos o jantar cedo, preparava-nos e trazia-nos até ao portão. Nós vínhamos os dois a pé para casa. Nunca largava a tua mão. Numa mão trazias o cesto, na outra trazias-me. Éramos dois pirralhos. Depois de passarmos a esquina da rua da Lela começavas a dizer que estávamos quase a chegar. Mentiroso.

Quando me prendias só para me ouvir dizer desisto. Mordia-te os braços e as mãos. Mas tu não me largavas. Tens de dizer que desistes. Era uma questão de tempo até o pai ou mãe aparecer ou eu acabar por dizer que desistia.

Um beijinho.

Fernando falta uma foto da mãe.